Editorial Publicaçoes Dom Quixote
Lugar de edición
Lisboa, Colombia
Fecha de edición enero 2007
Idioma portugués
EAN 9789722034395
120 páginas
Libro
encuadernado en tapa blanda
Dimensiones 16 mm x 24 mm
E ele gostava de ficar sentado algum tempo, encostado a um tronco, olhando a enorme baía em toda a sua extens o e pensando na vida. Por vezes conversava com um esquilo mais atrevido que vinha lhe pedir comida, entrevistava bandos de codornizes, cada vez mais raras, é preciso que se diga, ou até descobria alguma esquiva corça. E entendia naquela paz, com o barulho dos carros e das cidades muito lá ao longe, o contraste profundo da sua terra representado pela vis o de abertura e progressista da ponte Golden Gate ao fundo e a vis o da terrífica pris o de Alcatraz no rochedo isolado do meio da baía, de onde só uma vez tinham escapado dois ou três presos, t o monstruosamente concebida fora. A Golden Gate e Alcatraz tinham sido realizados pelo mesmo povo, o seu.
A ideia nasceu aí, num desses momentos em que havia algumas nuvens cinzentas e tristonhas, quando de repente o Sol irrompeu pelo meio delas, azulou o mar e enverdeceu as colinas. Alcatraz brilhou subitamente no meio do azul e parecia ameaça. Com o sol, a ideia, o raio, o trov o. Sim, ia arranjar um correspondente na Internet a quem contar os seus pensamentos mais íntimos. Mas tudo fechado a sete chaves de olhos indiscretos e persecutórios.
Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) nasceu em Benguela, Angola, em 1941. Frequentou o Ensino Superior em Lisboa mas acabou por licenciar-se em Sociologia, em Argel, durante o exílio. Iniciou a sua atividade literária e política na Casa dos Estudantes do Império. Como membro do MPLA, participou ativamente na governaç o de Angola, após o 25 de Abril. <br>A partir de 1984, foi professor na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, e tem sido dirigente de associaç es culturais, com destaque para a Uni o de Escritores Angolanos e a Associaç o Cultural Recreativa Chá de Caxinde.<br>A atribuiç o do Prémio Cam es (1997) confirmou o seu lugar de destaque na literatura lusófona.
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